O que é a Plataforma para o Desenvolvimento Rural e Agricultura Sustentável?

Historial

Em relação a história foi a  Caritas que por algum periodo (1995-2000) fazia formação respeitando pouco as necessidades sentidas pelas comunidades; por isso, e fruto da exeperiência, considerou importante transformar as acções em resultado do desejo das comunidades e com essa metodologia assegurar a mudança de visão assistencialista por um periodo de transição. Assim, na base de uma reflexão ponderada que envolveu técnicos das Cáritas (Sumbe, Luanda, Menongue, Cunene, Lubango, Huambo, Namibe e da Direcção Geral) que terminaram com a criada a 02 de Abril de 2002, na Direcção Geral da Caritas de Angola em Luanda, sempre com o apoio técnico da consultora Hildegard Keck especializada em Desenvolvimento Rural, enviada pela Misereor.

 Apartir desta altura ficou esclarecida uma das formas com a qual a Caritas estaria a contribuir na luta contra a pobreza em Angola. Por intermédio dela, se está a promover o surgimento de pólos de desenvolvimento rural no Kuito-Bié,  no Lubango, em Malange, no Huambo em Menongue, no Kuanza-Norte e em Luanda.  

As temáticas fundamentais de trabalho são: a agricultura Sustentável, medicina básica (na dimensão ambiental) organização comunitária, acesso à terra, construção melhorada, Escolas Familiares Agrícola (dimensão sócio-cultural),  publicações científicas, reforço organizacional, cooperação com outras instituições (politico-institucional) e comercialização, processamentos de produtos,  economia familiar etc. (dimensão económica).

Considerando a situação que o país está a viver, o sonho dos membros da Plataforma consiste em ver a situação alimentar e a renda das famílias rurais melhorada, com o apoio dos líderes e técnicos diocesanos de maneira qualificada, contribuindo para um desenvolvimento rural sustentável.

 É filosofia da Plataforma, trabalhar com organizações locais, regionais, nacionais ou extrangeiras com experiência ao que a pretendam adquirir no sector do Desenvolvimento rural em Angola; trabalhar com famílias agricultoras que possuam “terra própria” (ainda que na base do direito costumeiro); trabalhar com equipas técnicas especificas e disponíveis a tempo integral e a ficarem junto das famílias nas comunidades.

Como exemplos de actividades concretas, colocamos a formação prática e acadêmica dos técnicos, e das famílias mais prática sobre:

- A fertilização dos sólos (produção de adubos, aplicação de cobertura, luta contra a erosão, a consorciação de culturas, etc.);

- Acesso a água potável as famílias rurais (as três formas de sondágens, revestimento, manutenção das fontes, etc.);

- Organização comunitária (na constituição dos núcleos familiares, na advocacia temática das necessidades – legalização de terras, realização de palestras diversas como meio de prevenção, várias abordagens sobre o impacto do HIV e sida, das políticas públicas, da questão do género na família e sociedade em geral ), etc;

- Para os técnicos, na gestão do cíclo de projectos e financeiro, Plano de Uso de Terras Comunitárias e Plano de Uso de Terras Familiares, análise de impacto das acções nas comunidades, etc.;

Adaptação e desenvolvimentos de conceitos técnicos (de agricultura sustentável, de água, organização comunitária e outros) no cíclo de vida quotidiana das familias;

Lobby junto de instituições do Estado, privadas e acadêmica que para influências como para angariação de apoios a favor do trabalho das familias rurais;

Transformar os conhecimentos tradicionais/locais em acadêmicos/cientificos.

Actuais membros da Plataforma

- Caritas de Menongue, com o programa Renascer para o Desenvolvimento Rural no Kuando-Kubango (RDR-KK);

- Caritas de Malange, com o programa para o Desenvolvimento Rural  “Nzila”;

- Caritas de Luanda, com o programa Caminhos para o Desenvolvimento Rural de Quissama (CDR-Q);

- Caritas do Huambo, com o programa para o Desenvolvimento rural do Quipeio (PDRH-Q);

- Promaica do Bié com o programa Okulima III;

- ANAEIM do Kuanza-Norte com o programa para o Desenvolvimento Rural de Kudizola (PDR - K) em Banga.

 

 

1.   Descrição do que é a Plataforma

A Plataforma para o Desenvolvimento Rural e Agricultura Sustentável “Unidos Crescemos”, é o conjunto de organizações interessadas em desenvolver as famílias no meio rural na base dos conceitos, filosofia e metodologias próprios. Apesar de ser fundada pela Caritas de Angola, qualquer organização ou pessoa singular interessada em fazer parte dela pode ingressar desde que os seus membros activos o autorizem em assembleia.

 

Para a Plataforma, as familias agricolas habitantes do meio Rural, são a razão prioritaria de todo o seu trabalho e as actividades dos Membros, sao as actividades da Plataforma

 

 De entre outros, ela persegue os seguintes objectivos:

  •  Garantir que a situação alimentar e a renda da população rural esteja melhorada e que os líderes diocesanos contribuam de maneira qualificada para o desenvolvimento rural.
  • Promover melhoria na qualidade de trabalho das famílias agrícolas, garantindo capacitação técnica (prática e teoricamente) e acesso a informação indispensável divulgando igualmente as acções das famílias.
  • Cooperar com o governo, organizações nacionais e estrangeiras, instituições e pessoas públicas colectivas ou singulares na defesa dos direitos dos cidadãos do meio rural (criar espaços para troca de experiências «profissionais e técnicas», de investigação científica diversificada, para protecção do ambiente, para a promoção das formas de solidariedade, para divulgação de matérias urgentes e inadiáveis de interesse nacional para o conhecimento público, contribuindo para o desenvolvimento do país em geral).
  • Contribuir na valorização e potencialização das famílias (comunidades) rurais e seus recursos, garantido um apoio técnico para a edificação de um processo de desenvolvimento rural sustentável, na base de uma organização das famílias agricultoras rurais.

 Estrategias de intervenção:

  • Realizar actividadessocialmente justas e adapta-las a todas as pessoas
  • Criação de polos nas diferentes zonas do país
  • Trabalhar nas quatro dimensões (Plitico-institucional, Ecologica, Socio-cultural e Economica)
  • Considerar em todo o processo de intervenção a dimensão institucional
  • Conseguir respostas de acordo com as diferenteszonas principais do país

Conceito técnico de Desenvolvimento Rural e Agricultura Sustentavel

Na sua base, as familias valorizam e usam os recursos naturais naturalmente e de forma sustentavel

Familias - Água - Animais - Floresta - Terra

 

A Plataforma quatro publicações de Boletim Informativo por ano e duas de Boas Praticas. Debtro das suas acções em conjunto com as familias e com o apoio da MISEREOR, ja conseguiu fazer a edição e publicação de um livro com o titulo "Manual de Plantas Úteis de Angola"

Objectivo da publicação das “Boas Práticas”

 

1. Partilhar com os caros leitores novos conhecimentos e práticas que as famílias rurais agricultoras oferecem;

2. Documentar e publicar informações importantes em posse de agricultores rurais;

3. Incentivar aos pesquisadores (académicos, estudantes universitários, instituições cientificas) a investigarem e a inovarem na base do trabalho humilde das famílias rurais;

4. Oferecer oportunidades de redescoberta de novas tecnologias em posse destas famílias rurais e técnicos envolvidos aos interessados;

5. Apresentar uma nova forma de tratar, valorizar e transformar os recursos da natureza ao alcance de todos habitantes do meio rural;

 

A implementação das actividades que asseguram o alcance dos objectivos referidos se desenvolvem na base das quatro importantes dimensões:

  • Económica (nunca ignorar a mão-de-obra, comercialização, reinvestimento, etc.);
  • Político-institucional (sempre considerar a família como a primeira e primitiva organização institucional, para além da Caritas, ONGs, governo, etc.);
  • Socio-cultural (considerar os aspectos culturais, uma relação possível entre as famílias, esquipas técnicas e organizações, etc.);
  • Ecológica (ter em conta os recursos naturais constantes do meio ambiente que rodeia as comunidades, as condições climática, etc.).

 

 1.   Apresentação descritiva das “Boas Práticas” por programas

a.   No Kuito-Bié, o programa Okulima III

 Manejo da humidade (cobertura morta)

Consiste em cobrir a terra com material vegetal morto ou vivo (capim, folhas, etc., seco ou verdes) É uma boa prática pelo facto de que as famílias agricultoras iniciam a praticar com muita frequência. É uma técnica nova pois, não era conhecida. Com este item as famílias desejam assegurar a humidade “ESTAVEL” do solo, manter a temperatura do solo ESTAVEL em condições de produção, abastece nutriente a longo prazo (a partir de 3 a 5 meses). É mesmo boa prática, os agricultores poupam mão-de-obra nunca mais sacha como é habito, as estiagens que até agora acontecem durante o ciclo de cultivos não prejudicarão quando a cobertura estiver bem feita; Ecologicamente só recompõe o ambiente natural este item igualmente cria uma interdependência com outros sectores de trabalho ao nível familiar e comunitário, na protecção do material. Nesta óptica é no PUTF (Plano de Uso de Terras Familiares) e no PUTC (Plano de Uso de Terras Comunitarias) onde está a maior exigência.

 Produção do adubo composto.

É uma boa prática pelo facto de que as famílias agricultoras o produzem com muita frequência, o aplicam às suas culturas. É uma técnica nova de fabricação de adubos compostos, “aeróbica” pois a mais antiga e conhecida é a de abrir um buraco e prepará-lo nele. Porém interessa salientar os ingredientes actualmente usados que são se fácil acesso, o esterco de animais (fezes de boi, galinhas, cabritos, porco), o capim, a cinza, as plantas medicinais (a exemplo da Tephrosia, Tithonia, da Chandala e outras). De facto com a produção de adubos nas suas fazendas mudou a cultura das familias de comprar adubos no mercado paralelo; e com isso elas ja conseguem fazer poupanças, este dinheiro das poupanças as familias utilizam para o reinvestimento ou outras despesas familiares. Ecologicamente não há comparação dos efeitos deste composto para a reabilitação, saneamento, e sustentação dos solos em detrimento dos químicos. Apesar de mais, cria uma interdependência com outros sectores de trabalho ao nível familiar e comunitário. Importa realçar que é a compreensão e prática das acções interdependentes que provoca a consciência do processo de progresso e sustentação comunitária. De facto do ponto de vista político seria momento de incentivar este tipo de prática e poupar dinheiro com a importação de adubos químicos e distribuir para as famílias nesta fase.

 

 Criação de animais

 Qualquer família que se identifique e deseja praticar a Agricultura Sustentável deve automaticamente assegurar que tenha em seu habitat animais (galinha, pombas, porcos, ovelhas, bois ou outros, todos em detrimento da cabra que chamamos de rapina nas fases iniciais dos processos); passa a ser a criação de animais no momento em que as famílias agrícolas desenvolvem a visão de que eles são em primeiro lugar um recurso sem o qual a recomposição dos solos é deficiente, a mão-de-obra fica prejudicada, os ingressos financeiros também prejudicados, etc. Estas são as fundamentais funções dos animais que as famílias possuem. É igualmente boa prática pelo facto de que as famílias recebem muitos animais financiados por projectos de instituições externas para repovoar mais com filosofias e gestão diferentes as tradicionais habituais. De facto muda a forma cultural de valorizar os animais, os aspectos de prioridade alimentar passa para segundo plano em função da sua quantidade e diversidade, dai a luta pela sua conservação e multiplicação.

 a.   No Huambo, o Programa para o Desenvolvimento Rural do Huambo – Quipeio

A boa prática está no facto de que as famílias agrícolas se dedicam ao processo de legalização comunitária das suas “supostas” terras junto das Administrações Comunais e Municipais do Governo, na base do seu PUTC(Plano de Uso de Terras Comunitarias). Algumas delas vivem e trabalham numa antiga fazenda colonial. Demorou o período de compreensão das famílias de algumas das comunidades em que o programa está a trabalhar acerca do que é a Lei de Terras que no seu 5º artigo diz que “ a terra constitui propriedade originária do Estado, integrada no seu domínio privado ou no seu domínio público”; daí a necessidade de os técnicos do programa ajudarem as famílias a compreenderem o processo de legalização e usarem a lei em seu benefício. Por isso, o processo de sensibilização se desenvolveu em consequência do PUTF (Plano de Uso de Terras Familiares).  

b.  No Bengo, o programa Caminhos para o Desenvolvimento Rural de Quissama (o programa CDR-Q)

 SECTOR DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

a)  No Desenvolvimento Comunitário considera-se relevante a existência do poder tradicional local dentro do sistema organizacional das comunidades de intervenção;

 b) Todos os intervenientes num processo de Desenvolvimento Rural de forma participativa e Sustentável, são chamados a responsabilidade, todos os actores activos e outras forças vivas que dão o seu contributo neste processo considerando de uma forma geral as políticas do governo a nível nacional, provincial e em particular as das administrações municipais;

c) Os núcleos são criados em função das necessidades consideradas prioritárias no contexto da comunidade que dinamiza e dá suporte às acções e compromissos assumidos pelo programa ao longo do processo de desenvolvimento rural e agricultura sustentável;

 d) Os núcleos específicos dos sectores de agricultura sustentável, água e saneamento do meio e desenvolvimento comunitário são resultado do processo de desenvolvimento e envolvimento das famílias e equipa técnica nas acções do programa alcançado durante a sua implementação e constituem  umas das referências representativas dos Kissanguelas a nível da comunidade junto de outras forças existentes localmente para discutirem e tomar decisões específicas em cada situação a abordar levantada pelas famílias/pessoas

 e)   O conjunto dos representantes dos núcleos específicos das várias comunidades em que intervém o programa, pessoas de referências e outras famílias que de forma activa ou indirectamente participam nas acções desenvolvidas pelo programa constituem o Kiongue (Conselho);

 

 

Outra Boa Prática se revela na forma como os programas estão a conseguir lutar contra o vírus MOSAICO (da Mandioca) 

A Mandioca, é uma das mais importantes fontes alimentares no nosso país mas tem sido devastada em algumas províncias pelo vírus Mosaico.

O vírus MOSAICO é o vírus que invade a mandioca, sobretudo a mandioca doce. Esse vírus surgiu em Angola 1987 num período de guerra em que as sementes tinham de vir do exterior do país.

Este vírus é transmitido por uma mosca que vulgarmente é chamada de mosca da mandioca, a mesma percorre milhares de quilómetros de distância transportando já consigo o vírus e onde encontrar uma estaca exposta faz a sua reprodução fazendo com que o tubérculo a ser produzido por esta planta não atinja o tamanho normal para determinado tempo de plantação, ou ainda em alguns casos mesmo depois de um ano de plantação a mandioqueira não reproduz tubérculo algum. 

 

MORFOLOGIA DO MOSAICO

O vírus Mosaico apresenta partículas germinadas de 20nm de diâmetro e 30nm de comprimento. Apresenta-se em forma de ângulos e sem capsometro óbvio. Tem uma capa molecular de 30 Kda. Cada partícula possui uma molécula de DNA circular, o genóma e composto de duas moléculas circulares de tamanho igual com seis (6) genes que se codificam para a capa proteica e replicação do vírus e sua difusão na planta.

 TRANSMISSÃO E PROPAGAÇÃO

O vírus Mosaico que é transmitido pela Mosca Branca Bemisia Tabaci de forma persistente, é mantido no vector após a “muda”, e não é transmitido cognitivamente para uma prole. Também pode ser transmitida por inoculação a estaca da Mandioca. Não é transmitida por semente.
As viroses são disseminadas nas estacas usadas rotineiramente como propagação vegetativa ou pela mosca branca. A disseminação através de estacas pode causar a introdução das doenças para novas áreas e ser responsável pela ocorrência de doença nas áreas onde há pouca ou nenhuma propagação pela mosca branca.

SINTOMAS
Os sintomas do CMD ocorrem sob a forma característica de mosaico da folha que afecta discretas áreas e é determinado no estágio precoce do desenvolvimento da folha. As áreas cloróticas não se expandem completamente de modo que o stress resultante numa expansão desigual das folhas ou brotos causa má formação e distorção. As folhas severamente afectadas tornam-se pequenas em tamanho, deformadas e torcidas com áreas amarelas separadas por áreas de uma cor verde normal. As plantas ficam raquíticas e as novas folhas caiem.
Os sintomas variam de folha para folha, de rebento para rebento e de planta para planta, mesmo dentro da correspondente variedade e estirpe de vírus na mesma localidade. A variação nos sintomas pode ser por causa das diferenças nas estirpes de vírus, a sensibilidade do hospedeiro, idade da planta e factores ambientais tais como, fertilidade do solo, disponibilidade em humidade do solo, radiação e em particular a temperatura. As temperaturas baixas geralmente aumentam o aparecimento de sintomas enquanto as temperaturas altas restringem-nos. 
 

CONSEQUÊNCIA ECONOMICAS

O Mosaico da Mandioca é o vírus mais importante da cultura. É uma doença que limita a produção da mandioca e as perdas podem comprometer até 95% da produção anual, fazendo com que as famílias que produzem para o comércio acabem entrando em prejuízo ao invés de benefícios.

 

TESTES BIOLÓGICOS

Grande parte dos relatos de ocorrência, incidência e disseminação da doença têm sido baseadas em observação dos sintomas. No entanto estes sintomas são confundidos com deficiência nutricional ou ataque por outros insectos. Em Angola poucos agricultores sabem que quando a Mandioca apresenta estes sintomas é por infecção do vírus Mosaico, então ignoram a confirmação por testes de sensibilidade. Também porque é pouco usual na agricultura angolana.

 

FORMAS DE COMBATE

No combate a qualquer uma infestação das culturas, primeiramente é essencial que todas as plantas infectadas sejam destruídas para que o vírus não se propague (evitar a contaminação das plantas).

 

Na Agricultura Sustentável, temos um conceito técnico com itens, cuja aplicação correcta e harmoniosa, combate e previne a aparição e propagação das infecções às culturas, como a seguir temos: 

 

Composto (adubo composto): Feito na base de terra, leguminosas, estercos e plantas medicinais, etc., garante a reconstrução da textura do solo, assegura o saneamento do solo agrícola e assegura o abastecimento de nutrientes para o cultivo a médio e longo prazo (depois de três meses mais dependendo do clima - época de chuva/seca);

 Adubo líquido: Feito na base de água, plantas medicinais, estercos, etc..., assegura o abastecimento de nutrientes imediato, prevenção de pestes e pragas e apoia a decomposição de matéria orgânica (Nitrogénio);

Cobertura morta ou viva: Feita principalmente com capim, mas nem todo o capim serve para a cobertura, tem por objectivo cobrir a terra protegendo-a do sol, da chuva e possíveis contaminações, mantendo o solo estável e propicio ao cultivo em qualquer altura do ano. Tem por função assegurar o bloco de humidade “ESTÁVEL” no solo, manter a temperatura do solo ESTÁVEL em condições de produção e abastecimento de nutrientes a longo prazo;

 Consorciação: Consiste na plantação de várias espécies de cultura numa mesma época do ano, tem como função assegura o balanço de nutrientes usados pelos cultivos, prevê e controlo de pestes e pragas, para além de proporcionar a diversidade de alimentação familiar e a entrada no mercado;

 Rotação de cultivo: Contribui no controlo de pestes e doenças, manter o equilíbrio dos nutrientes e assegurar a “Lavoura Natural”... Por exemplo: Mandioca, Batata-doce etc;

Lavoura Mínima: Permitir a reconstrução dos solos, assegura a estabilidade da temperatura/humidade dos solos e reduz a mão-de-obra (evitar a sacha e outros trabalhos);

Não queimar: Consiste em não fazer queimadas para a protecção e conservação dos solos, com vista a assegurar a temperatura estável do/no solo, manter em decomposição o material orgânico no solo e fortalecer a construção da textura do solo, o que manter o solo “Vivo” (micro - organismos etc.);

 Luta contra Erosão: Com as funções de assegurar a camada produtiva do solo (para manter o pH - estável), e com ela mantêm-se os nutrientes na camada produtiva (entre 10 a 30 centímetros), garantindo assim a existência do que tecnicamente, chamamos de textura do solo (camada fértil).

 Por outro lado, A metodologia básica para controlo e combate a virose da mandioca é feita na base da selecção das estacas de propagação a partir de plantas - mãe sem sintomas. Isto é raras vezes feito preferindo-se dar maior uso ao material proveniente de plantas infectadas; contudo, há uma considerável evidência das vantagem a ganhar dum conceito mais discriminatório e dum procedimento de selecção mais apropriado ao a adoptar (Thresh et al. 1998 b). A selecção é mais fácil e pode ser muito efectiva se a planta-mãe estiver a desenvolver vigorosamente e mostrar sintomas visíveis quando infectada. Ainda as dificuldades podem ocorrer quando as plantas são resistentes e apresentam sintomas não nítidos, ou quando as folhas caiem ou são danificadas depois de um período de seca ou ataque de pestes.

 

Poucos insecticidas são utilizados para controlar a mosca branca e tais medidas são inapropriadas para a cultura de mandioca que é principalmente cultivada para subsistência. Pouca atenção foi dada a outros possíveis métodos de controlo tais como consorciação, disposição de plantas ou a manipulação de época de sementeira para diminuir o risco de infecção (Tresh and Otim – Nape, 1994). Tais medidas merecem uma menção na presente pesquisa de métodos integrados de controlo, que procura tornar o mais efectivo possível, com o uso da fitossanidade e de variedades resistentes.

 ADUBAÇÃO E DESINFESTAÇÃO DA ESTACA DA SEMENTEIRA

A desinfecção das estacas é feita já no campo, com técnicas da agricultura sustentável pronto para a plantação. Em caso de escassez ou de se tratar de famílias cujas possibilidades financeiras não permitem ou mesmo têm difícil acesso aos locais com sementes em abundância se deve fazer uma escolha rigorosa de estacas para a semente.

Após a escolha da melhor estaca, cava-se o lugar em que se pretende plantar e colocasse a estaca com o composto e cobre-se passando por cima a cobertura morta.

Na altura da sementeira, após escolha da melhor estaca para semear, ponha uma quantidade de adubo composto no local aberto para a  sementeira e cubra com um pouco de terra também misturada com o composto. Quando a planta estiver a germinar, reforce com adubo líquido.

Se tiver dúvidas quanto às quantidades e a altura própria para o reforço com o adubo líquido, consulte um dos técnicos do Programa.

COMO SEMEAR

Use a melhor estaca, de preferência da sua colheita do ano anterior.

  • Ponha uma estaca apenas em cada cova, de preferência uma estaca com no mínimo 2 cm de diâmetro na qual se possam encontrar oito (8) nós germinativos em cada palmo.
  • Deve-se semear a uma profundidade de 2 a 5 cm. 
  • Faça a sementeira, quando as chuvas estiverem bem pegadas.
  • Semeie na época indicada para a sua região.

Os técnicos do programa estão á sua disposição, o agricultor deve consulta-lo sempre que tenha necessidade.

Ecologicamente

Sabemos que tudo o que não benéfico as plantas, também não é benéfico ao meio ambiente e ecologia. O vírus Mosaico não só afecta a planta, mas também o ambiente de produção em si, propaga-se de maneira muito simples e rápida afectando o solo, a produção e o meio em que esta se instala

Consequências socioculturais

Tendo em conta que a mandioca é a base da alimentação para algumas províncias do nosso país, ela é produzida maioritariamente pelas províncias do norte sendo esta a fonte de subsistência mais importante para estas.

Com a infestação pelo vírus Mosaico, boa parte da planta desenvolve tubérculos minúsculos ou mesmo não desenvolvem. Com isto, começa a haver dificuldades na alimentação, fazendo com que as famílias sejam obrigadas a mudar as formas de alimentação e alterando assim os seus costumes.

Para algumas famílias, o facto de o tubérculo ser de tamanho reduzido e as folhas de cor amarela, não lhes chama a atenção a que seja o vírus Mosaico pois julgam que o tubérculo não desenvolveu por uma outra razão que não seja o vírus Mosaico. Boa parte delas, desconhece a existência deste vírus.

 Adubo Líquido: É uma boa prática pelo facto de que as famílias agricultoras o produzem com muita frequência, o aplicam às suas culturas. É uma técnica nova de fabricação de adubos líquidos, não eram conhecidos. Para a sua preparação se usam ingredientes de fácil acesso como o esterco de animais (fezes de boi, galinhas, cabritos, porco), cinza, plantas medicinais a exemplo da Tephrosia, Tithonia, da Chandala e outras. Também este facto mudou a cultura de comprar Sulfato de amónio no mercado paralelo a AKZ 5.000,00 o saco de 50 Kgs; este dinheiro se poupa para o reinvestimento ou outras despesas familiares. Ecologicamente não tem nenhuma comparação que este adubo líquido tem para a reabilitação, saneamento, e sustentação dos solos em detrimento dos químicos. Apesar de mais, cria uma interdependência com outros sectores de trabalho ao nível familiar e comunitário. Importa realçar que é a compreensão e prática das acções interdependentes[1] que provoca a consciência do processo de progresso e sustentação comunitária. De facto do ponto de vista político seria momento de incentivar este tipo de prática e poupar dinheiro com a importação de adubos químicos e distribuir para as famílias nesta fase. 

 Algumas das actividades principais da Plataforma

  •  Está a criar núcleos (associações) de famílias agricultoras, para assegurar a luta pelos seus direitos e garantir a sua participação organizada no cumprimento dos seus deveres (núcleos de terra, agricultura, água, etc.);
  • Está a ensinar às famílias agricultoras como proceder para a fertilização (recomposição) dos solos, para assegurar a produção de forma sustentável (fabricar adubos compostos e líquidos, fazer a cobertura – viva e morta, fazer a luta contra a erosão, contra as queimadas, contra a desertificação, etc.);
  • Está a incentivar as famílias agricultoras e instituições o uso e investigação de plantas medicinais para o tratamento de pessoas, animais, solos, e plantas (para o efeito já está publicado um primeiro manual);
  • Está a ensinar às famílias as técnicas que asseguram o acesso a água potável às comunidades de forma sustentável na base do apropriado conceito técnico; 
  • Está a treinar as famílias na criação de pequenas fazenda com planos de uso de terras familiares e ou comunitários;
  • Ensinar as famílias e ONGs o uso e desenvolvimento do conceito técnico para assegurar o Desenvolvimento Rural e Agricultura Sustentável;
  • Iniciou a realizar actividades de advocacia à terra (assegurar o acesso à terra para as famílias rurais na base do direito positivo);
  • Está a fazer lobby a diversos níveis junto de instituições do estado e outras (FAO, UCAN, UAN, IIA, e de países com experiências como Brasil, Moçambique, Alemanha, Zimbabué, etc.);
  • Está a formar técnicos de diferentes equipas diocesanas para qualificar quer o trabalho das caritas a que pertencem como o trabalho das famílias com as quais trabalham;
  • Está a criar e desenvolver mais uma área temática específica, o Desenvolvimento Rural e Agricultura Sustentável e promover uma maneira diferente de ajudar o pobre e promover a dignidade da pessoa humana no país;
  • Está a preparar o surgimento de um diferente tipo de escolas EFAs;
  • Realiza semestralmente encontros da rede quer para analisar o percurso / progresso de trabalho como igualmente de treinamento do pessoal técnico;
  • Está a preparar um grupo de consultores para assegurar o papel de consultoria internas as instituições interessadas;
  • Está a criar uma biblioteca especializada para garantir a conservação bibliográfica como fonte de conhecimentos;

 SECTOR DÁGUA

Depois de identificado um campo pela observação ou conhecimento local, as famílias reúnem e planificam em como trabalhar e preparam a logística para a demarcação de campo pela sondagem alternativa com vara de vedor e sinalizar os cruzamentos de água encontrados.

Método usado na pesquisa de água com vara de vedor. Primeira pesquisa realizada na Quissama que culminou com a construção do único poço existente na Quissama na comunidade do Kulemba.

O núcleos de Água e o desenvolvimento comunitário realizaram encontro de reflexão com a juventude para que estes participem de forma activa nas actividades que beneficiam as comunidades de uma forma geral.

No sector de água se tem desenvolvido o conceito técnico de água adaptado para as zonas de Quissama baseado com as experiências adquiridas a partir do seminário sobre água realizado em Agosto de 2004 na sede da Muxima (aulas teóricas) e aulas práticas nas comunidades do Mungolo e Kulemba facilitado pela equipa do sector de água do programa da Beira - Moçambique; O sector tem os seguintes itens: sondagens de campos identificados pela observação (conhecimento local através da vegetação ou transmissão de conhecimento de geração em geração de ancestrais – jovens); Sondagem com vara de vedor (pessoas com sensibilidade ou dom em detectar águas subterrâneas usando varas metálicas em forma de um L); Sondagem mecânica com trado manual; determinação da zona de protecção e infiltração de água; E o tipo de material para o revestimento do poço.